Hidrogénio é o novo aliado para a descarbonização do parque imobiliário português

20/02/2025

Hidrogénio é o novo aliado para a descarbonização do parque imobiliário português

O Hidrogénio já deu provas de ser uma alternativa aos combustíveis fósseis e, no mercado da Construção, pode ser utilizado como fonte de energia limpa para a climatização dos espaços e aquecimento de águas, tanto em edifícios individuais como em comunidades. É o que se verifica no Benelux com o projeto InnovaHub District, que já utiliza este elemento como recurso energético e cuja gestão é assegurada através de Inteligência Artificial, tornando o sistema de aquecimento/arrefecimento dos espaços e de aquecimento das águas mais eficiente e sustentável.

Em Portugal, a sua utilização permitirá às autarquias, projetistas e Indústria adaptarem-se às atuais exigências europeias em matéria de descarbonização. Aliás, esta foi uma das principais conclusões do 3.º Congresso Internacional da Giacomini, que decorreu no dia 6 de fevereiro, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

O certame, organizado pela filial portuguesa e a empresa parceira Sanitop, proporcionou a troca de conhecimentos e a apresentação de exemplos internacionais, que servem de modelo para dar resposta aos desafios do conforto térmico, da qualidade do ar interior e da eficiência energética do parque imobiliário português.

Sob o mote “Edifícios do Futuro”, o evento contou com diversos especialistas das áreas do Planeamento Urbanístico, Ambiente, Energia, Arquitetura, Engenharia, Construção e Climatização.

 

Cidades do futuro serão mais sustentáveis e ‘circulares’

A tecnologia permitirá aos diferentes mercados adaptarem-se às atuais exigências europeias em matéria de desempenho energético e monitorização da qualidade do ar interior e, dessa forma, contribuir para que os Portugueses vivam e trabalhem com mais qualidade de vida.

O Diretor do Planeamento Urbano da Câmara Municipal de Lisboa, Paulo Pardelha, defendeu que se deve proporcionar mais conforto e bem-estar, “seja na construção ou no ordenamento do território”. “Temos que trabalhar para ter cidades e espaços verdes de proximidade, acessíveis a todos”, acrescentou.

Em declarações cedidas no final do congresso, o responsável defendeu o conceito de cidade ‘circular’, pensada e projetada de acordo com os recursos disponíveis e consumidos, o que terá impacto na “forma como estou na cidade, nos meios que utilizo [e até] na produção alimentar”.

Nas cidades do futuro, os edifícios serão ZEB – Zero Emission Buildings (edifícios de emissões zero), anunciou o Diretor do Departamento de Edifícios e Eficiência de Recursos da ADENE – Agência para a Energia. Rui Fragoso alertou que “estamos num novo patamar ao nível europeu”, que servirá “de guia para aquilo que são as políticas energéticas no setor”.

A partir de 1 de janeiro de 2028, a medida passa a ser obrigatória para a construção nova e o objetivo é reduzir, substancialmente, o consumo de energia na área da Construção, tornando-a neutra até 2050.

 

Qual é a situação atual na área da Climatização?

Verifica-se uma grande procura de soluções de climatização para a reabilitação de edifícios privados e públicos, além de construção nova, a custos controlados. Estes “três exemplos, que demonstram a realidade dos dias de hoje”, foram precisamente a escolha de Rui Correia, CEO da Loftspace, para a sua intervenção no congresso.

No âmbito das metas da descarbonização do setor da Construção, “as bombas de calor têm um papel preponderante e fundamental” e “a Indústria tem de acelerar” para se alcançar a meta europeia de “redução de 56 milhões de toneladas de (emissões de) CO2”, alertou Francisco Fernandes, Diretor Técnico, Inovação e Desenvolvimento da ENERGIE.

A Engenharia da Giacomini também identificou soluções inovadoras, que incluem a utilização de Hidrogénio. O InnovaHub District “é um projeto do futuro para alguns países, mas é um projeto do presente na Bélgica e Países Baixos”, anunciou Wim Gijbles, da Giacomini Benelux (em Francês e Neerlandês).

“Temos o problema do congestionamento da rede (elétrica) nos nossos países e isso significa que há uma sobreprodução em determinados momentos e demasiado consumo noutros momentos”, originando sobrecargas. Por isso, são necessárias fontes energéticas alternativas, “senão, não será possível termos construção nova”, justificou o responsável.

A Giacomini é já uma referência mundial nesta área, detendo a patente de uma caldeira a Hidrogénio. Este equipamento inovador será inclusivamente apresentado na ISH 2025 (em Inglês), uma das maiores feiras internacionais nos setores da Climatização e Água, que se realiza de 17 a 21 de março em Frankfurt, na Alemanha. É “a única caldeira no mundo com combustor catalítico”, enfatizou Diogo Duarte, da Giacomini Portugal. Esta nova tecnologia permitirá, “verdadeiramente, ter um ciclo de emissões zero”, pois “os produtos de combustão serão puramente vapor de água e edifícios totalmente alimentados por tecnologia 100% verde”, contribuindo assim “para a descarbonização do planeta”, justificou.

O Area Manager da filial portuguesa da Giacomini anunciou, ainda, que “vários projetos vão nascer em Lisboa”, nos quais “todas as frações poderão ser equipadas com estas caldeiras, para que se possa fazer águas quentes para os banhos e para a climatização dos espaços”.

Outra solução de climatização, que tem vindo a ter cada vez mais procura, consiste na instalação de teto radiante. Sergio Espiñeira, da Giacomini Espanha (em Espanhol), identificou quatro vantagens: “É mais rápido; a bomba de calor é mais eficiente; é uma solução industrializada e standard, portanto, tem menos erros na montagem; e é uma solução pronta, que se monta como um brinquedo de construção e funciona desde o primeiro minuto”.

 

E o futuro dos profissionais do setor da Construção e Climatização?

Para o Secretário-Geral da APCMC – Associação Portuguesa de Comerciantes de Materiais de Construção, falta certificar quem trabalha nas áreas da Construção e instalação de equipamentos.

Durante o evento, José de Matos revelou que esta entidade está já a preparar um projeto, em parceria com outras associações e fabricantes do setor, para reconhecer as “competências adquiridas através dos cursos qualificantes que as várias empresas do setor estão, sistematicamente, a proporcionar aos profissionais”.

Valorizar as pessoas, em todas as suas dimensões, é essencial. Ana Rodrigues, Psicóloga e Professora Convidada da Universidade do Minho, alertou que “estamos todos numa crise energética individual”. “Vivemos em contextos de grande pressão e o stress é uma resposta do nosso organismo que deve ser ouvida e merece ser equacionada no contexto das decisões diárias que tomamos, tanto (no mundo) organizacional, como fora dele, para conseguirmos ser mais respeitadores do que são os nossos limites”, justificou.

 

Iniciativa “marcou pela diferença”

“É a primeira vez que estamos presentes num evento com a Giacomini e correu muito bem”, afirmou José Gonçalves, no final do encontro. O Diretor Comercial Zona Sul da Sanitop enalteceu a empresa italiana como “um grande parceiro” e mostrou-se disponível para “repetir a experiência”. “Foi um evento fantástico, que marcou pela diferença”, concluiu.

Vasco Silva enfatizou “a oportunidade e facilidade” do Grupo Giacomini (em Inglês) na realização de mais um congresso internacional. “Temos tido toda a liberdade para fazer esta pedagogia e descodificar a tecnologia, o que nos tem permitido chegar a este patamar, que considero de excelência para a marca e o prestígio da Giacomini”, assegurou o Diretor-Geral da filial portuguesa.

 

Veja a AQUI a reportagem deste evento.